14 de mai. de 2010

Funcionário Administrativo Também Educa!

O funcionário administrativo conquistou grandes avanços em relação ao seu lugar na escola, entretanto, nem sempre foi assim, essa valorização foi processual e demorada.
Se buscarmos na história da educação brasileira, verificarmos que desde a vinda dos jesuítas já existiam os funcionários que auxiliavam na catequização dos ‘gentios’.
De acordo com Monlevade (2006, p. 42) os primeiros funcionários já se faziam presentes na construção e no funcionamento da primeira escola, o Colégio dos Jesuítas. Atuavam como coadjuvantes na educação, enquanto os professores davam aula eles quem cuidavam dos bastidores, organizando os espaços escolares, atuando como “cozinheiros, enfermeiros, sacristães, horticultores, bibliotecários, vaqueiros, administradores de fazendas, pilotos de navio, construtores, pintores e em outras ocupações mais ou menos relacionadas ao processo de ensino. (MONLEVADE, 2006, p. 44)
No Brasil Império temos uma reorganização das funções na escola, em que toda a estruturação da escola desde a documentação, escrituração e os cuidados gerais ficavam a cargo do professor, tendo o auxílio de um escravo apenas para oferecer água às crianças. Não se tem neste período, muita preocupação com a educação. Somente a partir de 1834 com as aulas régias é que surgem novamente, os funcionários nas escolas.
Já no século XX, começam a surgir dois tipos de funcionários, aqueles indicados por políticos ou por nomeação pública, para atuarem como auxiliares ou como inspetores de alunos. Posteriormente, com a organização de sindicatos e associações, surgem os serviços terceirizados. E, foi a partir da LDB 9394/96 que ao dispor um capítulo sobre os profissionais da educação é que se pode ter uma melhor visibilidade e inserção desse profissional da educação.
Em meio a esse contexto, podemos detectar uma nova postura para o funcionário administrativo, não o colocando de forma subalterna ao professor, mas sim, numa perspectiva igualitária, fazendo-o atuar também como educador.
O funcionário administrativo, paulatinamente, ao buscar os seus direitos e valorização por meio de capacitação e sindicalização, acabou por compreender a sua função no ambiente escolar, por mais que desempenhe uma função técnica, ele é parte do processo escolar, ao abrir um portãol para recepcionar o aluno, acaba por atuar como educador que cumprimenta e demonstra respeito e organização, a merendeira não fará apenas o alimento, mas organizará junto com os outros segmentos e mesmo com os professores, ações educativas com o manejo e reaproveitamento dos alimentos. O secretário ao atender a comunidade escolar, e os segmentos da escola, desenvolverá ações que necessitem de sua postura de educador.
Enfim, todos os profissionais que desempenham função na escola, são educadores em potencial, pois organizam, estruturam, assessoram de forma educativa as ações existentes na escola e, devem se ver não mais como um fragmento ou uma parte isolada, mas sim, como um segmento essencial na formação do indivíduo enquanto cidadão e ator social.

Nubea Rodrigues Xavier
Professora e mestrando em educação pela UFGD.
Referências Bibliográficas
SILVA, M. Abadia; MONLEVADE, João. Quem manda na educação no Brasil? Brasília: IDEA, 2006.
BRASIL. Lei nº 9.394, 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

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