Migração para software livre provoca descobertas na escola
Professora Vanessa Nogueira promoveu a migração do software proprietário para o software livre.
Autor: Arquivo pessoal
--------------------------------------------------------------------------------
Liberdade de criação, modificação, distribuição, e estudo e execução. Esse é o conceito do software livre (SL), criado na década de 1980 pelo pesquisador Richard Stallman, com o intuito de construir uma rede colaborativa para o desenvolvimento desse tipo de programa tecnológico. Se antes era visto com preconceito, hoje o software livre está difundido em diversas áreas, especialmente na educação. Foi o que percebeu a professora Vanessa Nogueira. Em uma escola de ensino fundamental da periferia de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, ela promoveu a migração de software proprietário para software livre na instituição e descobriu um “um novo universo para se trabalhar com educação”.
No início, Vanessa, professora de informática, queria conhecer o software livre, tão comentado pelos amigos, apenas por curiosidade. “Quando resolvi testar, ver as possibilidades, vantagens e desvantagens, comecei a ler sobre o assunto e descobri que a escolha pelo uso de software livre vai além da aparência”, diz. Pouco tempo depois de iniciar o trabalho com a nova ferramenta ela descobriu que o SL estava diretamente relacionado com a educação, no sentido de trabalhar com autonomia, cidadania e criatividade tanto com alunos quanto com professores.
Ela decidiu então realizar a migração no Colégio Marista, onde trabalhava, com um grande trabalho de conscientização. “Passei a acreditar que só podemos efetivar uma gestão escolar democrática se ela for mediada por tecnologias livres. Uma mudança implica desafios, colaboração, participação e comprometimento dos envolvidos no processo”, afirma. Ela se dedicou a promover debates, vídeos tutoriais, grupos de discussão para explicar os motivos da mudança. Vanessa ainda organizou trabalhos com os professores do colégio com softwares livres dentro do sistema proprietário, para que todos se acostumassem com as novas ferramentas. “Só depois trocamos definitivamente, para ninguém estranhar ou reclamar”, conta.
Com as possibilidades descobertas no software livre, Vanessa aprendeu a promover uma série de atividades pedagógicas. “Colocamos o laboratório interagindo com a sala de aula. Os alunos agora têm um blog deles, onde discutem e colocam suas histórias, como as que criam na hora do conto. As tecnologias livres devem estar integradas ao contexto escolar, no planejamento, no trabalho da sala de aula, na biblioteca escolar”, considera. Para ela, essas estratégias só se tornaram possíveis devido a liberdade de trabalho e mudanças proporcionadas pelo uso das tecnologias livres.
“Além de contribuir para a comunidade, de apoiar uma cultura de liberdade ao conhecimento, temos softwares estáveis, seguros, sem a ameaça de vírus”, defende a tecnologia livre. Ela afirma que a aceitação foi “excelente” entre professores e alunos e que os pais passaram a fazer parte do processo. “Os estudantes tiveram a oportunidade de mostrar novas descobertas aos pais, ampliando a rede de conhecimento, e hoje muitos usam em suas casas”, diz.
Com quase três décadas de sua criação, o software livre só ganhou impulso no Brasil em meados de 2005, quando seu uso começou a ser incentivado pelo Governo Federal. Apesar de livre, ele não é gratuito, mas pode ser copiado e modificado livremente. O baixo custo é apontado como uma das maiores vantagens do SL.
O Ministério da Educação (MEC) incentiva o uso de tecnologias livres na educação por meio do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo), com a distribuição do Linux Educacional, instalado nos equipamentos distribuídos para a rede urbana e rural. O estado que mais vem estimulando e desenvolvendo o uso dessa tecnologia na área da educação é o Rio Grande do Sul, sendo que, em Porto Alegre existe uma rede em sistema de software livre para escolas públicas.
(Rafania Almeida)
Software Livre na Educação!
31 de mai. de 2010
Postado por LÉIA às 05:02
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário